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Esperamos poder compartilhar momentos, amizades, experiências e sobretudo reencontrar velhos e bons amigos...
Ana Paula
Edio Fiorentini Jr

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Perú- diário de bordo - 2o.dia viagem - 26/10/11 Nazca

26/10/2011- Nazca!
Pela manhã saímos procurar um lugar pra tomar café da manhã ( "desayuno"), achamos uma lanchonete bem bonita, moderna e barata para nosso desayuno. O nome é Roky's.No centro de Nazca. Tomamos uma oferta lá: suco de mamão c/ laranja+café+misto quente+batatas fritas por 7,00S. Ótimo!
Demos uma volta pela city...As ruas principais são limpas, bonitas...As praças um verdadeiro luxo! Lindo de ver.







Os peruanos todos até agora tem sido atenciosos e muito simpáticos!
Também nos chamou atenção em Nazca é que é uma cidade de 70.000 habitantes, tranquilíssima, não vimos nenhum tipo de mendigos ou gurizada atoa nas ruas. Nada de drogados nas esquinas...
A maioria das ruas são feias, até sem calçamento, as casas são rebocadas só na frente, qdo muito. Fica no tijolão mesmo. Muito gato na fiação elétrica, qdo tem.
Vimos muitos estudantes uniformizados como "antigamente", roupa social, diferente...
Bares completamente vazios esperando turistas, apenas. Aqui não é um circuito muito realizado, a maioria vai para Machu Pichu e só. A grande maioria dos turistas são europeus, de TODAS as idades...Muitos viajantes, solitários...Me chamou atenção muitas mulheres viajando sozinhas, numa boa. Encontramos dos 17 aos 70 anos. Disse sozinhas, não em grupos de turismo...
A vantagem deste tipo de passeio é que o público que procura este turismo é um público voltado mais ao conhecimento e auto-conhecimento, não está voltado a grandes festas e badalações, então há muito respeito e tranquilidade...Aqui não tem turismo sexual, por exemplo. E quem procura drogas, vai para o Brasil...Pena...

Bom, depois acertamos com o dono do Hostal um agente de turismo. Fechamos em 13,00S com ingressos para conhecer as linhas de Nazca de carro e mirante...Optamos carro pq de avião dá pra ver mais, mas não tem guia especializado pra explicar o q são, essas coisas...e o avião era 150,00S por pessoa...Foi opção mesmo, e não nos arrependemos mesmo.
O passeio começou as 9hsAM e foi até as 13hs...Dividimos o passeio com um casal novo de espanhóis q estavam no mesmo hostal...
Tanta mentalização para achar as pessoas corretas na viagem deu certo, o guia fez toda a diferença! O cara sabia muito, falava espanhol (claro), inglês, alemão e francês. Ele trabalhou uns 10 anos numa multinacional americana, ganhou sua grana, conheceu muitos países...até veraneou em Floripa! Mas disse que a família não ía bem, faltava paz de espírito e ele jogou tudo pro alto e agora tem uma pequenina empresa de turismo, um carro simples e muita coisa legal pra dividir e compartilhar...Já leu tudo quanto é livro ocultismo e misticismo maneiro q já ouvi falar e muito mais, que ele ganha dos turistas de todo mundo...
Não dá pra ver muito bem os geoglifos, primeiro pq nossa máquina era básica demais e segundo, somos péssimos fotógrafos...

Um pouco da História....
Bom, primeiro, o vale de Nazca é imenso e todo ele está desenhado, não só com figuras de animais, plantas e seres...mas linhas diversasssss, aparentemente desconexas. E construiram a rodovia bem no meio de um baita geoglifo...algumas marcas ali são de carros q circularam de quando construiram o local.



Vou postar agora um link de um vídeo legal sobre as linhas de Nazca - Perú: (History Chanell)

http://www.youtube.com/watch?v=6WREBJcqFVQ

domingo, 8 de abril de 2012

PERU

Curiosidades da net...


O nome oficial do país é República do Peru – República del Perú, em espanhol.

Ainda não há um consenso sobre a origem da palavra Peru, que dá nome ao país. Uma das teorias mais difundidas é, até certo ponto, engraçada. Ao chegarem naquelas terras, os espanhóis perguntaram aos nativos qual o nome do lugar, e ouviram como reposta: “Biru”. O nome pegou, mas o detalhe é que “biru” significa “não entendo”.

Grande parte da população fala quíchua e aimará, mas o idioma mais falado é o espanhol.

Tanto o quichuá quanto o aimará são línguas indígenas pré-colombianas. O quichuá era extensamente falado no Império Inca. Atualmente, é usado na Bolívia, no Equador e no Peru.

A população peruana é formada por descendentes de ameríndios, europeus, negros e, em menor grau, árabes e japoneses.

A maior parte dos peruanos é descendente dos povos incas que habitavam o Peru antes da chegada dos primeiros europeus. Em sua maioria, são mestiços.









As maiores cidades peruanas são Lima (metrópole onde vive quase 1/3 da população do país), Arequipa, Trujillo, Cusco, Chiclayo, Huancayo, Chimbote, Iquitos e Piura.

Você sabia que um dos estados (províncias) peruano tem o mesmo nome de um brasileiro? É o estado do Amazonas, localizado na fronteira com o Equador.


E sabia que a moeda peruana é chamada de Novo Sol (Nuevo Sol)?












Uma das províncias que mais recebe turistas estrangeiros é Nazca, onde estão localizados as linhas de Nazca. As misteriosas linhas são desenhos que, observadas do solo, parecem não formar nada. Só que, vistas do alto, a história é outra: as linhas formam formam desenhos variados, como de uma aranha, uma macaco e um beija-flor. 

Uma curiosidade: muitas pessoas acreditam que as linhas de Nasca tem origem extraterrestres. Outras não chegam a tanto, mas mantém a suspeita de que foram construídas para servir como uma espécie de mensagem dos humanos para os ETs. Teses como essa foram defendidas pelo ufólogo suíço Erich Von Däniken no livro Eram os Deuses Astronautas?

  A faixa litorânea do Peru é árida, contrastanto com os Andes ao centro e com a floresta amazônica a leste. O clima extremamente seco fez com que corpos da era pré-colombiana se mumificassem naturalmente.







      Cusco é capital da província de Cusco. A palavra cusco significa umbigo na língua quichuá. Assim como muitas cidades andinas, Cusco fica acima, bem acima do nível do mar, mais precisamente a 3.400 metros de altitude.

Cusco foi fundada pelos incas no século IX d. C.. A cidade foi arrasada por um terremoto em 1950, mas, curiosamente, boa parte das construções incas permaneceram de pé.

O Peru é famoso no mundo todo pela quantidade de sítios arqueológicos pré-colombianos como Cusco, Machu Pichu, Olamtaytambo e Sacsaihuaman.

  No idioma quíchua, Machu Pichu significa “velha montanha”. A cidade só foi descoberta em 1911 por um explorador norte-americano à serviço da National Geographic Society chamado Hiram Bingham.

A fim de pegar uma praia no Peru? Esqueça! Vindas da Antártida, as correntes marinhas que banham a costa peruana são normalmente geladas. O curioso é que, ao largo dela estão o litoral Sul do Peru e Norte do Chile, a região mais seca do mundo.

Pela sua variedade de ingredientes e por seu irresistível sabor, a culinária peruana é uma das que mais despertam a atenção do mundo. O prato peruano mais conhecido é o ceviche.



Por falar em culinária, você sabia que existe mais de 3.000 variedades de batatas nos Andes?

A comida de rua mais conhecida do Peru é o picarone, uma rosquinha de batata-doce com abóbora. O picarone é normalmente acompanhada de um caldo doce bastante comum nos Andes chamado chancaca.

E já que falamos de comida, vamos falar também de bebidas. Você sabia que existe no Peru um refrigerante de cola chamado Inca Cola?











Querendo comprar uma malha de lhama? Prefira as de alpaca, que tem uma qualidade melhor e são menos ásperas. Ah, são caríssimas, tanto que encontramos só na europa e Eua pra vender...

alpaca, lhama, vicunha e guanaco.



Perú- Diário de bordo - 1o. dia de viagem - 24 e 25/10/2011

24/10/2011 - segunda-feira.
Saímos de Floripa como previsto, voamos para o Galeão no RJ. Meus ouvidos doem nessas viagens, definitivamente não sou fã de aviões. Chegamos no RJ as  21h30 e soubemos que a TACA air lines abre seus serviços só as 3:00A.M... horas e horas de espera...

25/10/11 - terça-feira
Vôo para Lima.
Toda demora valeu a pena. O vôo foi bem tranquilo, não sofri com nenhuma pressão nos ouvidos... Chegamos em Lima as 9hs A.M.(foram 6hs de viagem), hora local. No próprio aeroporto compramos numa agência, passagem intermunicipal Lima-Nazca por 77,00Soles cada, 10,00S a mais q na própria agencia Cruz del Sur.












OBS: 1real equivale a 1,5 soles.













OBS 2: O povo peruano é muito carismático, amistoso e adora brasileiros...dá-le futebol! Vale a pena levar camiseta do Brasil, essas coisas...Abre muitas portas.







 Já sabia de antemão que a empresa de ônibus intermunicipal Cruz del Sur é disparada a melhor, e é mesmo. Tudo muito organizado, cheio de segurança, filmam cada passageiro antes de sair, oferecem serviço de bordo incluso na passagem (almoço, janta, lanches...chá de coca, café, água, refri, salgadinho...), manta, travesseiro (tudo limpo), poltronas q inclinam 160 graus...filminho, etc...



Voltando à parada de ônibus do lado do aeroporto......
nós pegamos um busão para chegar até a estação Cruz del Sur que descrevi acima. Este também um ônibus cinematográfico, só que caindo aos pedaços, com música local, sujo, cheio...
E o trânsito em Lima, q loucura, q estresse, q buzinaço, q divertido!
A passagem custou 2,00S. Pegamos até Prado com av. Expressa. E como em todo lugar, é só perguntar e seguir... Esse da foto aí abaixo é considerado novo, coisa fina! Aquele tinha uns 20 aninhos a mais, sem manutenção. Como disse, cinematográfico...a correria e as malas não permitiram que fotografássemos...


A maratona nas avenidas super movimentadas de Lima levou cerca de 1 hora. Claro q dava pra pegar taxi, mas teríamos perdido esta experiência, ahuahuahua! Chegamos na estação Cruz del Sur, descobrimos q a comida, almoço foi incluída na compra lá no aeroporto, e o menu incluía pollo (frango), e o di não come pollo. Então ele pediu lá no restaurante da estação 1 prato de salchipapa (salsicha e batatas fritas) por 6,5Soles com 1 Inka kola pequena (é uma especie de laranjinha, gasosa,a marca é da coca-cola, muito doce, amarelona e só tem no Perú. Eu não gostei.).
Depois embarcamos e fomos para Nazca.

Chegamos em Nazca as 21h30.
O ônibus parou num posto da Cruz del Sur q fica bem no início da cidade, era noite, estávamos cansados e aí fomos pra primeira pousada (Hostal) que nos ofereceram, e claro, cresceu as vistas quando disseram q sairia quarto pra casal com café da manhã só por 30Soles...Era o Hostal Guadalupe. Péssimo, sujo, argh, ... mas ficamos ali mesmo.
Chega por hoje.
 





PERÚ - Diário de bordo - marco zero - out/2011

O Início de tudo...
Bom, primeiramente tenho que considerar que eu (AP) e meu esposo (Di) queríamos viajar para algum lugar do Globo, por uns 15 dias. Sair uns dias da nossa paradisíaca Penha/SC e rumar por aí...
Muitos lugares foram considerados, todos que tivessem resquícios de culturas antigas, histórias, museus, castelos, templos, arqueologia, enfim, essas coisas que nós dois apreciamos. Sendo assim, praias, lugares badalados, shoppings...estavam descartados. Acabamos pensando mais firmemente na Inglaterra...mas como sempre deixamos tudo de última hora, ficou apertado pra sair o passaporte (é sempre bom estar com ele fora "de casa"), e tivemos q pensar de novo pra onde ir...e como o Perú sempre foi uma excelente opção de viagem, embarcamos de cabeça.

Foram poucos dias para estudar o país, mas deu pra fazer a lição de casa, com a ajuda de muitos internautas...Aí a idéia de escrever pra retribuir os muitos diários q li antes de ir pra lá...ajudou demais!
Ah, claro, levamos um guia de viagem, no nosso caso optamos "Guia do viajante independente da América do Sul". Excelente guia, pesado pra caramba, mas o que realmente nos ajudou foram as dicas dos internautas...começar pelos Mochileiros.com q já deve ajudar vcs.

Vou tentar esmiuçar esta viagem para q os leitores possam compreender ao máximo. Claro q, como eu e meu companheiro somos místicos, nossa visão estará voltada mais ao misticismo, tenham paciência..rsrsrs!

Também vou colocar de antemão que não pretendíamos gastar muito dinheiro, então bolamos uma viagem de mochileiros, andamos de ônibus (bom, mas busão) e ficamos em hoteis baratos, restaurantes simples...


Ah, e acabou dando de sair o passaporte, que não é obrigatório, mas todo lugar eles pedem, pra entrar nos parques, para embarcar nos ônibus intermunicipais... Esta sim é grande dica.

Nós tomamos a tal vacina contra febre amarela, ficamos em dúvida se iria precisar. Balela, não tinha insetos e ninguém pediu a tal carteirinha. Podem esquecer isso, pura bobagem, foram anti-corpos desnecessários.

Quanto as malas, quanto mais simples, menos chama atenção, menos os taxistas cobram de vc. E sempre cadeadas nos aeroportos. Uma mochilona por pessoa é ideal, mais uma de mão. Mais q isso atrapalha nos deslocamentos. Olha nossas mochilas, e mala de mão. Estávamos no terminal rodoviário em Puno. Frio do caramba!




Quinze dias deu pra conhecer muita coisa mesmo, claro q sempre falta algo, mas tivemos q ser práticos, o trabalho nos esperava...

Conhecemos o norte (Trujillo, Chiclayo) que tem ruínas fantásticas... no deserto peruano.



No centro, fomos a Lima, bonita, diferente, mas não para perder mais que 1 dia;
Abaixo o shopping Larcomar em Lima.
(tudo aberto, pq não chuve, é deserto!)


No sul fomos a Nazca (valeu muito!),
também deserto.



Arequipa (Vale do Colca, nota 10);


No sul ainda fomos a Puno (lago Titicaca), totalmente surreal, sem palavras...
Abaixo está uma das Ilhas flutuantes de Uros, com seu povo exótico, seus artesanatos, sob ilha arficial feita de uma espécie de junco, a totora.


OBS: Tacna não fomos pq os peruanos disseram q lá não nos interessariam, apenas aos peruanos. Lá tem os marcos das guerras contra o Chile...essas coisas, e pra aproveitar o tempo, não fomos...

A Oeste vem o tão famoso Cusco (Machupicchu), aqui já começa a selva.
Claro q vale a pena vir para cá!
Chuva, neblina...mistérios...

Ao leste encontra-se Iquitos, amazônia pura e onde fica plantação de coca para trafico. Não fomos pq fica muito isolada, muito longe e difícil acesso... Lá encontraríamos outro ecossistema, dizem q é lindo.
Ao longo dos próximos dias postarei a viagem tim-tim por tim-tim, inclusive custos, hábitos locais, sentimentos e nossas viagens zen, psicodélicas...

Boa viagem a todos leitores!
Nemastê!

AP.


                            






quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Maat – A Palavra da Verdade

A verdade não é uma invenção moderna. Tal como a conhecemos, ela existe onde há consciência; uma está envolvida na outra. Mas de onde vem a verdade, a retidão e a justiça, e o que podemos chamar de código de ética? Parece que nossa civilização e nossa cultura têm uma dívida para com o Egito Antigo. De todas as culturas ou países conhecidos, o Egito tem os mais antigos registros históricos, remontando a mais de cinco mil anos.

Em egípcio, a palavra para verdade é Maat. O uso do Maat surgiu na Era das Pirâmides, iniciada por volta de 2700 a. C. No começo, Maat estava associado ao deus-sol Ra, ao faraó, à administração do país, ao homem comum, aos rituais dos templos e aos costumes mortuários.

Além disso, Maat eventualmente passou a ser associado a Osíris, o deus do outro mundo. Para os egípcios antigos, a palavra Maat significava não só verdade mas também retidão e justiça. Seu símbolo do Maat era a pluma de avestruz. A pluma, como símbolo, é encontrada em toda parte do Egito . nos túmulos e nas paredes e colunas dos templos. A pluma pretende transmitir a idéia de que "a verdade existirá". A pluma era transportada nas cerimônias egípcias, muitas vezes sobre um cajado. Ela aparece como fazendo parte do toucado da deusa.

A deusa alada Maat. Pintura mural que fica na entrada do túmulo da rainha Nefertari, esposa do faraó Ramsés II.








Para os egípcios que viviam na Era das Pirâmides, discernia-se o Maat como algo praticado pelo indivíduo. Era também uma realidade social e governamental existente, bem como uma ordem moral identificada com o governo do faraó. Durante toda a história do Egito Antigo, o Maat foi o que o faraó personificou e aplicou. Maat era a concepção egípcia de justiça; era justiça como a ordem divina da sociedade. Era também a ordem divina da natureza conforme estabelecida no momento da criação. O conceito tanto fazia parte da cosmologia quanto da ética.

Nos textos das pirâmides do Antigo Reino, está dito que Ra surgiu no local da criação: "... Depois ele pôs ordem, Maat, no lugar do caos... sua majestade expulsou a desordem, a falsidade, das duas terras para que a ordem e a verdade fossem ali novamente estabelecidas". A verdade e a ordem foram colocadas no lugar da desordem e da falsidade pelo criador. O faraó, sucessor do criador, repetia este ato importante na sua subida ao trono, quando das suas vitórias, ao terminar a renovação de um templo e em conexão com outros acontecimentos importantes.

Um dos textos das pirâmides diz: "O céu está satisfeito e a terra regozija-se quando ouvem que o Rei Pépi II pôs Maat no lugar da falsidade e da desordem". Os historiadores modernos concluem que a justiça era a essência do governo, inseparável do rei e, portanto, o objetivo reconhecido da preocupação de um funcionário. Ele não só estava envolvido na concepção de justiça como também na ética. Dizia-se que os inúmeros deuses dos egípcios viviam pelo Maat. Isto quer dizer que os poderes encontrados na natureza funcionavam de acordo com a ordem da criação.

Para o povo, o faraó estava com os deuses em sua relação com Maat, como se evidencia por esta citação: "Tornei clara a verdade, Maat, que Ra ama. Sei que ele vive de acordo com ela. Ela também é meu alimento. Eu também como do seu brilho". Assim, o rei ou faraó vivia pelo Maat.

Esperava-se que os funcionários dirigidos pelo faraó vivessem de acordo com o Maat, conforme o sugere esta citação: "Se és líder e diriges os assuntos de uma multidão, esforça-te por alcançar toda virtude até que não haja mais falhas em tua natureza. Maat é bom e sua obra é duradoura. Ele não foi perturbado desde o dia do seu criador. Aquele que transgride seus decretos é punido. Ele se estende como um caminho à frente até mesmo daquele que nada sabe. A má ação até hoje nunca levou seu empreendimento a termo". O significado aqui é evidente. Ele pede honestidade. Honestidade era sempre o tema.

Os funcionários do faraó devem esforçar-se por alcançar toda virtude, e sempre imparciais, verdadeiros e justos em seu trabalho. Era crença egípcia que a ordem divina foi estabelecida na criação e que esta não só se manifestava na natureza, mas também na sociedade como justiça, e na vida da pessoa como verdade. Maat era esta ordem, a essência da virtude.

O conceito de Maat confirma a antiga crença egípcia de que o universo é imutável, e que todos os opostos aparentes devem manter-se mutuamente num estado de equilíbrio. Ele subentende vigorosamente uma permanência; estimula o homem a esforçar-se por alcançar a virtude até que não tenha mais falhas. A harmonia e a ordem estabelecida de Maat, assim como a permanência, estão subentendidas nisso.

Um homem só teria êxito na vida, se vivesse harmoniosamente de acordo com o conceito de Maat e em sintonia com a sociedade e a natureza. A retidão produzia alegria; o contrário trazia o infortúnio. Este era um conceito profundo para os egípcios antigos, um conceito que ultrapassava o âmbito da ética, poderíamos dizer, e que na verdade afetava a existência do homem e seu relacionamento com a sociedade e a natureza. É claro que havia aqueles, entre os antigos egípcios, que não desejavam seguir os preceitos de Maat.

O Maat predominava por toda a terra. O camponês insistia que mesmo o mais pobre tinha direitos inerentes. Achava-se que o deus criador fizera todo homem igual ao seu irmão; a existência era curta para quem praticava a inverdade, a falsidade e a desordem, os opostos de Maat. Isto tornava impossível a vida. A eficiência de Maat não podia estar presente quando a pessoa praticava a desonestidade.













Todos os deuses do panteão egípcio agiam de acordo com a ordem estabelecida de Maat. O egípcio acreditava que o Maat da ordem divina seria o mediador entre ele e os deuses. De acordo com essa crença, quando um homem errava não cometia crime contra um deus, mas atingia diretamente a ordem estabelecida. Um ou outro deus providenciaria para que a ordem fosse vingada.

Nas pinturas que se vêem nas paredes dos templos e dos túmulos o faraó aparece exibindo Maat aos outros deuses diariamente. Assim, o faraó estava cumprindo sua função divina de acordo com a ordem de Maat em nome dos deuses. Vemos aqui também a inferência de permanência, que Maat era eterno e inalterável. Este era a verdade .uma verdade que não era suscetível de verificação ou comprovação. A verdade sempre estava em seu lugar certo na ordem criada e mantida pelos deuses. Era um direito criado e herdado que a tradição dos egípcios antigos transformou num conceito de estabilidade organizada.

A lei da terra era a palavra do faraó, pronunciada por ele de acordo com o conceito de Maat. Como o próprio faraó era um deus, ele era o intérprete terreno de Maat. Em conseqüência, também estava sujeito ao controle de Maat dentro dos limites da sua consciência. Se qualquer egípcio quisesse experimentar a felicidade eterna, esperava-se que fosse moralmente circunspecto. O caráter pessoal era mais importante que a riqueza material.

Segundo a crença do Antigo Reino, Ra era o deus do mundo dos vivos, havendo referências feitas "àquela balança de Ra onde ele pesa Maat. . O conceito era que Maat perdurava passando à eternidade. Ele ia para a necrópole com o morto e era depositado ali. Quando sepultado ou fechado num túmulo, seu nome não morria; era lembrado pelo bem que ele emanava.

Em tempos posteriores, o deus Osíris, que estava relacionado com a vida futura, tornar-se-ia juiz dos mortos, presidindo a pesagem do coração de um homem contra o símbolo de Maat. Acreditava-se que o coração era o centro da mente e da vontade. Antes desse período, o tribunal divino estava sob o deus-sol Ra e a pesagem chamava-se contagem do caráter.

Um dos documentos mais famosos do Egito Antigo é o Livro dos Mortos, que contém textos fúnebres, cujo uso começou com o Período Imperial e continuou sendo usado em períodos subseqüentes. No Livro dos Mortos encontra-se a chamada Confissão a Maat.

Para conseguir um lugar na vida futura, um egípcio precisava confessar que não cometera erra algum; portanto, ele fazia uma verdadeira declaração de inocência, que é o inverso de uma confissão. Os egiptólogos e historiadores contemporâneos acham que o termo confissão é errôneo. Contudo, por tradição continuaremos sem dúvida a denominar os textos fúnebres a este respeito no Livro dos Mortos como a Confissão a Maat.

Os textos estão escritos em papiros e falam do tribunal para o egípcio morto. O juiz é Osíris, ajudado por quarenta e dois deuses que se sentam com ele para julgar os mortos. Os deuses representavam os quarentas e dois nomos, ou distritos administrativos, do Egito.

Evidentemente os sacerdotes criaram o tribunal de quarenta e dois juízes para controlar o caráter dos mortos de todas as partes do país .sendo a idéia de que pelo menos um juiz teria de vir do nomo do morto. Os juízes representavam os vários males, pecados, etc. O egípcio morto que estava sendo julgado não confessava pecados, mas afirmava sua inocência dizendo: "Não matei", "Não roubei", "Não furtei".
Para os egípcios antigos a morte não era o fim e sim uma interrupção. O egípcio não devia incorrer jamais no desagrado da sua divindade e do Maat. O conceito do julgamento sem dúvida causava impressão profunda nos egípcios vivos. O drama envolvendo Osíris é vívido e descreve o julgamento tal como afetado pela balança.










Um certo papiro, de excelente feitura e arte, mostra Osíris sentado num trono numa extremidade da sala do tribunal, com Ísis e Néftis de pé atrás dele. Num dos lados da sala estão dispostos os nove deuses da Novena Heliopolitana dirigida pelo deus-sol. No centro está a balança de Ra onde ele pesa a verdade.

A balança é manipulada pelo antigo deus dos mortos, Anúbis, de cabeça de chacal, e atrás dele, Toth, o escriba dos deuses, que preside a pesagem. Atrás deste fica o crocodilo monstro pronto para devorar o injusto. Ao lado da balança, em sutil insinuação, está a figura do destino acompanhada pelas duas deusas do nascimento que estão prestes a contemplar o destino da alma cuja vinda ao mundo elas certa feita presidiram. Na entrada está a deusa da verdade, Maat. Ela deve conduzir a alma recém-chegada à sala do julgamento.

Anúbis pede o coração do recém-chegado. Este é posto num dos pratos da balança enquanto no outro aparece a pluma, o símbolo de Maat. Dirigia-se ao coração e se pedia a ele que não se erguesse contra o morto como testemunha. O apelo era aparentemente eficaz, pois Toth dizia: "Ouvi esta palavra em verdade. Julguei o coração... Sua alma é testemunha sobre ele. Seu caráter é justo segundo a pesagem da grande balança. Não se encontrou pecado algum nele". Tendo assim recebido um veredito favorável, o morto é conduzido por Hórus, o filho de Ísis, e apresentado a Osíris. Após ajoelhar-se, o morto é recebido no reino de Osíris.

Na Confissão a Maat, o morto declarava sua inocência. Afirmava que nada fizera de errado. Em muitos casos um escaravelho, onde estava escrita uma fórmula, era enterrado com o morto. Esta fórmula destinava-se a impedir que seu próprio coração se levantasse como testemunha contra ele.

Na 18.ª Dinastia, Amenhotep IV desalojou Osíris e os muitos deuses. Ele deu evidência e reenfatizou Maat como o símbolo da verdade, da justiça e da retidão. O disco solar tornou-se Aton. Amenhotep anexava regularmente o símbolo de Maat à forma oficial do seu nome verdadeiro. Em todos os seus monumentos de estado vêem-se escritas as palavras Vivendo na Verdade, ou Maat.

Em conformidade com este fato, Amenhotep chamou sua nova capital de Aquetaton, Horizonte de Aton e O Centro da Verdade. Esta última referência é encontrada num breve hino atribuído à Amenhotep quando, com sua rainha Nefertiti, ele transferiu sua residência para Aquetaton e adotou o nome de Akhenaton, que significa aquele que é benéfico a Aton.

Os seguidores do conceito monoteísta de Akhenaton estavam plenamente cientes das convicções do faraó sobre Maat. Com freqüência encontramos as pessoas da sua corte glorificando Maat, ou a verdade. Em sua revolução, Aton, o deus único, era o criador e mantenedor da verdade e da retidão. Maat, ou a verdade, era a força cósmica da harmonia, da ordem, da estabilidade e da segurança.

Na Era das Pirâmides, Ptah-hotep apresentou o conceito de que o coração era o centro da responsabilidade e da orientação. No tempo de Tutmosis III, na 18.ª Dinastia, declarou-se que "O coração de um homem é seu próprio deus, e meu coração está satisfeito com meus atos".

Pensava-se que esta fosse a voz interior do coração e, com surpreendente percepção, chegou a ser chamada de o deus de um homem. O egípcio tornara-se mais sensível, mais discriminador na sua aprovação ou reprovação da conduta de um homem. O coração assumiu o equivalente ao significado da nossa palavra consciência.

James Henry Breasted escreveu que da verdade, da retidão, do conceito de justiça de Maat veio a consciência e o caráter. Akhenaton destacou repetidamente o conceito de retidão de Maat. Ele desenvolveu o reconhecimento da supremacia de Maat como retidão e justiça numa ordem moral nacional sob um único deus.

O conceito de Maat do Egito Antigo prevaleceu intensamente até o Reino do Meio ou começo do Período Imperial. Durante algum tempo ele esteve relativamente ignorado, mas recuperou sua força no período de toda a 18.ª Dinastia, especialmente durante o tempo de Akhenaton. Mas na época da 20.ª Dinastia, Maat decaíra.

Havia a ineficiência governamental, a indiferença, a fuga da responsabilidade e a desonestidade. A consciência social, o interesse de grupo e a integridade pessoal deixavam de existir. Já não havia mais um homem justo, vivendo em harmonia com a ordem divina de Maat. Deixara de existir o conceito de caráter, de dignidade humana e decência. Quando a ordem estabelecida de Maat, sobre a qual se apoiava o modo de vida egípcio, foi descartada, a vida perdeu o significado. A antiga verdade, Maat, que predominara por uns dois mil anos, deixara de se impor.

Temos de reconhecer pela monumental evidência que, para os egípcios antigos, o conceito de Maat criou uma grande sociedade humana onde havia justiça na pessoa humana e social.

A deusa Maat
Museu Egípcio do Cairo
Época: 1290-1278 a. C.
Local: Vale dos Reis
Categoria: Relevo
Material: Calcário
Técnica: Pintura em baixo-relevo

Altura: 74 cm
Largura: 47 cm
A pintura mostra a deusa Maat usando um ornamento na cabeça, com uma pluma de avestruz, o símbolo da verdade e da justiça.